segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

um dia por vez

1. Hoje teve consulta com um senhor de 91 anos. Ele teve que responder a um questionário longo e complexo sobre a percepção que tem da própria qualidade de vida. Algumas perguntas avaliam se a pessoa se sente deprimida. "Você se sente desanimado a ponto de isso interferir nas suas tarefas diárias? Se sente triste? Se sente exausto?" O velhinho respondeu que não pra tudo. Sente-se disposto, cumpre com sua rotina diária, tem energia, varre a frente da casa todo dia, carrega as compras se os filhos deixarem, sobe escada, anda. Só tem um pouco de dor nas costas. "O senhor sente vontade de se isolar?" Não, convive bem com a família, brinca com os netos. Confesso que, apesar da consciência de que as pessoas são diferentes, o choque veio com a próxima pergunta. "O senhor em algum momento tem a sensação de que nada na sua vida vai dar certo?", "Não, nunca senti isso". É como ficar mais consciente do fato de ter sido sempre, a vida toda, muito doente ao encontrar alguém ridiculamente saudável.

2. Acho que meu favorito é "But the film is a saddening bore/For she's lived it ten times or more"