sábado, 30 de janeiro de 2016

Outro dia teve consulta com seu H., acompanhado de sua mulher, dona M. Ambos me lembraram de meus parentes no interior (e tudo ficou muito claro quando eles falaram que tinham viajado pro interior pra comemorar o aniversário de 90 anos de seu H.). Dona M. só queria ser ouvida. Contava atenta os detalhes de sua rotina, o que tinha acontecido de diferente nos últimos dias. Em dado momento, falou que, exceto por aquele consultório, nunca se sentia bem tratada quando procurava um profissional da saúde. Além de ter uma sequela de uma cirurgia mal feita, Dona M. ainda teve seus sintomas negligenciados pelo médico. "Sabe o que a senhora tem?", ele lhe disse a respeito das tonturas constantes, "Idade". Dona M. se emocionou ao dizer que era ali que se sentia cuidada. Disse que tinha a A. e G. como amigas. "O médico não fala as coisas com palavras que consigo entender. Peço pra ele explicar e ele só usa um monte de termo técnico". Não entendia o procedimento que ia fazer em breve, até que A. explicasse pra ela de uma maneira mais simples. Não precisou de muito mais que isso pra que ela entendesse. Uma conversa, um olhar, alguém que ouve com empatia e que sabe traduzir conhecimento técnico em palavras simples. Contou dos netos. Ela e o marido não tinham estudado, mas todos os filhos e netos, sim. Tinham feito faculdade pública. Falou com orgulho do neto que estava fazendo geologia e da neta que ia fazer mestrado. Lacrimejei um pouquinho quando ela se emocionou, dizendo que se sentia bem cuidada naquele lugar. Fiquei pensando que queria o mesmo pra minha mãe e que até o momento só tinha dado com a cara na porta.

Dona M. é um amor de pessoa e seu marido não fica atrás. Dei-lhe um abraço na saída e desejei que ficassem bem.


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